Artigo publicado no jornal O Popular — 02 de abril de 2013.
O Brasil, conforme estudo feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, produziu aproximadamente 62 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2010. Esse volume representa um crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior. Vale observar que, nesse mesmo período, o aumento da população foi de apenas 1%.
Pior que esse aumento da produção de resíduos sólidos é a destinação incorreta dada a eles, o que acaba gerando um desperdício de cerca de R$ 8 bilhões. É muito dinheiro jogado no lixo. Isso, portanto, prova que o Brasil está também engatinhando nessa questão ambiental tão séria e tão urgente de ser enfrentada.
Vale salientar que há no Brasil cerca de 4 mil lixões e que, dos 62 milhões de toneladas anuais, apenas 30% a 40% são conduzidos para aterros sanitários. Em síntese, reciclamos muito pouco do lixo que produzimos: aproximadamente 2%.
Além desse volumoso dinheiro jogado no lixo, existe também a consequência ambiental resultante dos lixões, haja vista que os resíduos não são manejados de modo adequado. Ou seja, são jogados a céu aberto. E disso resulta um mau cheiro, que atrai moscas, baratas e ratos. E estes acabam, enfim, disseminando doenças graves, sem falar da contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas, o que também gera doenças por ingestão de água contaminada, como febre tifóide, hepatite A, cólera, rotavírus e outras.
Em agosto do ano passado era para ser uma data decisiva em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos, conforme a Lei nº 12.305, criada em 2010. No respectivo mês, era para que estados e municípios apresentassem seus planos de gestão dos resíduos ao Ministério de Meio Ambiente e assim obter recursos federais para execução de ações no setor, de modo a eliminar todos os lixões até 2014.
Faz-se necessário reconhecer que essa lei é muito avançada, visto que prevê a prevenção e a redução na produção de resíduos, como também institui a responsabilidade compartilhada entre os produtores dos resíduos, no caso fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos, na questão do manejo dos resíduos sólidos urbanos.
Só que o mês de agosto passou, e apenas 10% dos municípios produziram o plano. Diante desse lado benéfico da respectiva lei, cabe perguntar: “Por que então esse número tão pequeno de prefeituras apresentou seus planos?”
Cabe, no entanto, ao Ministério do Meio Ambiente buscar a essa resposta. E mais que isso: promover a solução para que todos os municípios se envolvam numa questão tão urgente. Essa solução deve levar em conta a situação precária em que se encontra a maioria dos 5.570 municípios, lembrando que desse total apenas 800 são auto-suficientes, ou seja, têm receita própria.
Em vez de jogar cerca R$ 8 bilhões no lixo, o Brasil deve, sim, dar um destino útil aos resíduos sólidos que são desperdiçados, como, por exemplo, produzindo madeira plástica a partir da reciclagem de qualquer tipo de plástico, ao qual se pode agregar até 40% de fibras vegetais, como bagaço de cana, bambu, serragem, fibra de coco, casca de arroz, sabugo de milho e outras.
Além de evitar agressão ambiental e poupar a vida de milhares de árvores, a madeira plástica, ao contrário da madeira vegetal, não solta farpas, é imune a insetos e roedores. E mais: pode ser cortada, ser trabalhada com as mesmas ferramentas utilizadas na madeira vegetal e transformadas em utensílios mais diferentes.
O Brasil precisa agir e urgentemente. Afinal lixo é coisa muito séria. Se bem aproveitado, é dinheiro no bolso; do contrário é prejuízo, agressão ambiental e disseminação de doenças graves.
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