Artigo publicado pelo jornal Diário da Manhã — 30 de setembro de 2015
Wandell Seixas *
Tecendo considerações pelo facebook sobre o desperdício de energia nas casas brasileiras, inclusive nas repartições públicas, e os recentes reajustes nos seus preços, a jornalista Josete Bringel levantou a questão do uso da energia solar. Pelo que saiba, o sistema ainda é pouco difundido no Brasil. Israel, país com as dimensões geográficas do estado de Sergipe, a energia solar ocupa mais de 70% das residências. Outros países possuem coletores solares: Estados Unidos, Alemanha, Japão e Indonésia.
Com a energia solar, há o gasto nos equipamentos e pronto. Os custos se diluem até zerar. Com a energia elétrica, além de reajustes nos preços, a conta está sempre salgada e sujeita a erros na leitura do relógio. A Josete, que conta com energia solar em sua residência, só tem elogios ao sistema. Reajustes nas contas de energia elétrica não constam de suas despesas. Por isso, os aborrecimentos passam ao largo.
O professor Wagner de Cerqueira, graduado em Geografia, observa chama atenção ainda para os problemas ambientais, causados pela utilização de energias não renováveis, aliado ao seu esgotamento. A fonte energética alternativa desperta por se constituir numa opção menos agressiva ao meio ambiente, porque não polui. É claro que existe também a energia eólica, mas este exige vento constante para tocar as hélices.
O professor Wagner após análise dos aspectos positivos da energia solar, entre os quais a abundância, renovável, limpa, ele pondera que os custos financeiros são altos. Entendo, contudo, que esses custos se diluem ao longo do tempo. Além do mais, entendo também que os agentes financeiros oficiais podem e devem criar linhas de crédito para iniciativas do uso particular da energia solar.
Heitor Scalambrini Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco, é também um estudioso do assunto. Em recente trabalho, ele observou que acapacidade instalada no Brasil, levando em conta todos os tipos de usinas que produzem energia elétrica, é da ordem de 132 gigawatts. Deste total menos de 0,0008% é produzida com sistemas solares fotovoltaicos (transformam diretamente a luz do Sol em energia elétrica). Só este dado nos faz refletir sobre as causas que levam o País a tão baixa utilização desta fonte energética tão abundante, e com características únicas.
Em sua opinião, o Brasil é um dos poucos países no mundo, que recebe uma insolação (numero de horas de brilho do Sol) superior a 3000 horas por ano. E na região Nordeste conta com uma incidência média diária entre 4,5 a 6 kWh. Por si só estes números colocam o pais em destaque no que se refere ao potencial solar.
Diante desta abundância, por que persistimos em negar tão grande potencial? Por dezenas de anos, os gestores do sistema elétrico (praticamente os mesmos) insistiram na tecla de que a fonte solar é cara, portanto inviável economicamente, quando comparadas com as tradicionais. O paradigma tem que ser mudado.
Wandell Seixas é jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste e assessor de Imprensa da Emater.
Compartilhe:
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela)
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)